Por: Gabrielle von Gabriel (@guiganutri)
Antes de existir a “cultura da dieta”, uma refeição era vista como um ato social, um comportamento cultural e simbólico, proporcionando intimidade e união entre pessoas ao compartilhar o mesmo prato, as sensações e emoções ao comer. Estudos dizem que o alimento contém substâncias cruciais para o espírito, alegria, disposição criadora e bom humor.
Ao decorrer dos anos, a refeição parou de ser vista como um fator essencial para união, conhecimento e cultura, e passou a ser vista como algo que possa alavancar sensações severamente negativas. O comer de hoje, para a maioria, passou a ser algo automático ao invés de prazeroso. Na correria do século XXI, a refeição dificilmente é colocada como prioridade. Muitos não veem a importância que os alimentos têm no organismo, podendo trazer inúmeros benefícios para aquilo que é considerado como prioridade, como por exemplo, o trabalho e atividade física.
A correria tem grande influência na mudança de perspectiva em relação à alimentação.
Mas é importante saber que a alimentação não tem como intuito ser prejudicial, muito pelo contrário, é uma forma de trazer não só benefícios à saúde, como também o próprio autoconhecimento, fazendo com que o indivíduo saiba respeitar o seu corpo.
Dito isto, qual é o verdadeiro significado da Páscoa para vocês?
A Páscoa é uma celebração religiosa, onde familiares da religião se unem para comemorar a ressurreição de Jesus Cristo. A tradição, inclusive, é fazer uma refeição com peixe, como a famosa bacalhoada. Além da refeição principal, essa data sempre foi associada à chocolates e coelhinhos. Crianças brincam de caça coelho junto com seus familiares, e mesmo o coelhinho não sendo de chocolate, a sobremesa provavelmente o contém. Se não for chocolate, quase sempre tem algum doce, seja qual for. E é exatamente isso que mostra que a refeição, o alimento, vai muito além do que ele por si só. A Páscoa mostra a união, a celebração e traz uma oportunidade de comer uma sobremesa deliciosa (além do peixe) que muitos têm o hábito de cortar por causa do açúcar.
O açúcar e a “comilança” no geral, podem despertar sensações negativas nos indivíduos que têm uma relação conturbada com a comida. É importante lembrar que estes indivíduos, na maior parte das vezes, têm um motivo por trás, o que traz a importância da conciliação do acompanhamento nutricional com um constante acompanhamento psicológico. Nutricionistas podem auxiliar os pacientes a ter uma relação saudável com a comida, vendo-a como um aliado e não um vilão.
A Páscoa é para ser aproveitada, sem neuras. Ao invés de fazer “dieta” nesse dia e se restringir dos alimentos e por consequência, da experiência, desfrute e aprecie cada momento.